
Cada um com o seu destino, à procura do seu caminho, multiplicado pelos espelhos do tempo. Os gregos antigos definiam por chronos e kairos, aquilo a que hoje chamamos TEMPO. Enquanto o primeiro fazia referência a um tempo cronológico, sujeito à triologia clássica de passado, presente e futuro, o segundo identificava-se com “o momento certo”, aquele “tempo” em que algo de especial acontece, seja por revelação, descoberta ou introspecção. Recordo o momento em que Zaratustra obedeceu ao seu impulso para se afastar dos “homens”, resguardando-se no hiato que denominou como a “hora do supremo silêncio”. Um parêntesis que, não importa porque razão, o deteve na marcha do tempo. Posto isto, quando a realidade acontece e as decisões regressam, retoma-se a evolução do tempo. Zaratustra perplexo questionou-se sobre a transformação, a metamorfose, a revelação. Relutante, preparou-se para desbravar planícies e vales, dado que as montanhas já haviam sido cartografadas noutro tempo. Zaratustra habitava o cume dos seus próprios píncaros, se bem que sendo humilde, em relação à sua altura, conhecia bem a topografia das suas próprias impressões do terreno. Zaratustra empreendeu a descoberta do seu caminho, quando condensou os seus receios no desconhecido e na esperança, na transparência e na simplicidade, encarando a sua viagem com deslumbramento. Zaratustra regressou a si mesmo em redobrado silêncio, reunindo não só a percepção do seu caminho mas procurando, fundamentalmente, caminhar no seu tempo.
Painting: Salvador Dali - Time
Sem comentários:
Enviar um comentário