Foi, em Dezembro de 2008, após a denúncia do seu filho Mark, que o FBI reuniu provas concludentes que apontavam o envolvimento de “Bernie” Madoff, filantropo da comunidade judaica de Nova Iorque, na maior fraude financeira de todos os tempos. Madoff tinha sido até aí um dos impulsionadores da Bolsa, do desenvolvimento do NASDAQ e investidor de topo no mercado de activos financeiros novaiorquino. De um momento para o outro, o seu mundo ruiu. O seu filho Mark apontou-lhe publicamente o dedo, acusando-o de ter uma vida que era “one big lie”. Madoff durante anos atraíu investidores milionários do sector privado financeiro – bancos, fundações e organizações, trusts, advisor partners, entre outros. A todos promoveu operações financeiras especulativas, transformando as milionárias entradas de capital em mais valias fictícias que eram pagas a outros investidores como se de um lucro especulativo se tratasse. O esquema fraudulento, denominado de “Ponzi”, leva, inevitavelmente, à banca rota, sendo uma mera questão de tempo o momento em que começam a vir à superfície as primeiras bolhas burlentas, seja por falta de activos de capitais para suportar os juros inflaccionados, seja pela inevitável denúncia às entidades policiais por parte dos lesados. Madoff lesou, ao longo de duas décadas, milhares de investidores, levando à falência, ao desespero, ao suícidio e à ruína de tantos outros, numa actividade que lhe rendeu milhões, nunca tendo sido possível apurar os montantes, calculando-se que poderá configurar um número entre 12 e os 20 biliões de dólares. Recordei hoje o caso Madoff por duas razões. A primeira porque a HBO prepara um filme, com base no livro “Truth and Consequences: Life Inside de Madoff Family”, escrito em cooperação com o filho de “Bernie”, Andrew, a mãe Ruth e outros membros da família, tendo o actor Robert de Niro como protagonista do enredo. O livro foi promovido por Andrew e pela sua mãe Ruth Mardoff que, após o suicidio do seu filho mais velho Mark, a 11 de Dezembro de 2010, solicitou a “Bernie” o divórcio, manifestando-lhe a vontade de, literalmente, apagá-lo da sua vida. Bernard Madoff encontra-se agora na prisão estadual de Butner Medium, na Carolina do Norte. Sentenciado a 150 anos de prisão, poderá ver a sua pena reduzida, por bom comportamento, podendo saír em liberdade, perto dos 100 anos, em 2037. O homem que geriu um império de 60 biliões de dólares, já teve 5 ofícios diferentes na penitenciária, auferindo um vencimento de 170 dólares por mês. Irónico, refere que se sente mais seguro dentro da cadeia do que fora dela, sendo tratado como um Don da Mafia, onde não lhe faltam palavras de ordem e de apoio, tanto dos guardas como dos colegas encarcerados. Lamenta os danos causados a tantos credores e o afastamento da sua família. Quanto às tentativas de suicídio diz que já se encontram superadas. Ao ler excertos do livro, quase que se poderia dizer que Bernard Madoff é hoje um homem aliviado e feliz com a vida que construíu em seu redor. Quatro paredes, muros e o silêncio de qualquer manifestação de afecto genuíno, ou qualquer demostração de amor. A segunda razão reside da conjugação com a primeira. A propósito do livro, a CBS realizou a primeira entrevista à família directa de Madoff, no excelente programa de "60 MINUTES".
8.11.11
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