15.11.09

Kabbalah

Israel, próximo destino. Como já é hábito, inicio a preparação para estas viagens com a motivação de sempre. Leituras sobre a história e a geografia do país. Neste caso particular, aprofundo aquilo que conheço desde sempre como Cabala mas só após algumas leituras fico a conhecer, com outro detalhe, do que se trata. A Cabala, afasta-se aqui da terminologia ocidental, entendida como intriga perversa ou trama, pois para essa terminologia estamos devidamente alertados desde sempre. Falo antes da Cabala ou Kabbalah como meio de potenciar cada ser humano e elevá-lo, na sua grandeza interior, com o propósito de trazer clareza, compreensão e liberdade à sua vida. Tendo subjacente a ideia que todo o ser humano é uma obra em execução, a Cabala refere-se aos sucessivos estados da alma dizendo que são meros momentos transitórios de um projecto final a que estamos adstritos. Esse projecto final, terá como último objectivo a libertação do domínio do ego humano, criando afinidades com Deus. Quando li estas prerrogativas sobre a Cabala lembrei-me do "Albatroz Azul", o novo livro de Ubaldo Ribeiro, escritor que tanto gosto. É interessante o facto de Tertuliano, homem de idade avançada, que já deixou de ter medo do tempo, procurar encontrar explicações para o sentido da vida. Este livro fala-nos da continuidade, da herança que herdamos dos nossos antepassados e que pretendemos transmitir aos nossos filhos. Ao longo da vida, é comum reflectir e procurar justificações para os nossos diferentes estados de alma, que não dependem de nós, apenas as acções que adoptamos funcionarão como seus condicionadores. Julgo que é no momento em que olhamos para os nossos filhos, que encontramos respostas para o sentido da vida a que nos propusemos. Somos absolutamente livres de especular infinitamente. Com a liberdade que o pensamento admite e a misantropia própria de cada um. Não deixa de ser bom sonhar e, certamente, não é crime. Como nos diz Borges "o cego vive num mundo incómodo, indefinido, do qual emerge alguma cor. Eu, vivo num mundo de cores e quero contar, em primeiro lugar, que se falei da minha modesta cegueira pessoal, o fiz porque não é uma cegueira perfeita em que pensam as pessoas; (...) O meu caso não é especialmente dramático. É dramático o caso dos que perdem bruscamente a vista: trata-se de fulminação, de um eclipse, mas no meu caso esse lento crepúsculo começou quando começei a ver".
Julgo que os estudos que vou iniciar sobre a Cabala serão muito úteis nesta visita a Israel. Será tarefa para enveredar pela via do eremitismo. E, claro, irei reler os Génesis. Nunca se perde nada em rever os ensinamentos de gente de bem.

3 comentários:

Olga disse...

TI, this is very interesting - thank you for a short insight into what Kabbalah actually means. You do read a lot! As for me I also like to read several books at a time - sometimes each book fits a different mood of mine. So at the moment I'm reading Dali's diaries - this might be one of the reasons why there's been so much of him recently on my blog :) Another one am reading is 'The White Tiger' by Arvind Adiga, an Indian author - an attempt to understand the Indian culture and philosophy as we do deal a lot with Indian culture at work. The next one is 'La Sombra del Viento' by Carlos Luis Zafon - this is just a pure linguistic pleasure of reading such a beautiful book in Spanish. I love every word of it, it's a slow read because of that. And the last one am actually rereading is a book in Swedish by Jonas Gardell called 'Ett Ufo Gör Entre' - this is also kind of a preparation for my travel to Sweden next week. I need to remember the language!

Paralelo Longe disse...

Dear Olga
You have mentioned many times that I read a lot and I know a lot. Look at you, at your age you have a hug amount of knowledge, not to mention the fact that you speak 6 or 7 languages. It’s really amazing. I’ve been reading a lot to compensate those “dipper years” where we do not have time to do nothing else but working and taking care of our children. Now that we are in that stage that we have our children at the Univ. we really have much more time to ourselves and to travel. The books you’ve mentioned sound very interesting and I’ll look if we have any of them translated into Portuguese or English. By this time I’m focusing my efforts on Israel history in order to prepare the trip. My love for you both TI

Olga disse...

I can give them to you when you come one day - they are all in English :)