17.9.18

A Última Samurai (1)

Castelo Aizu-Wakamatsu
Toco com a ponta dos dedos na enorme muralha que se agiganta em todas as direcções em redor do castelo de Aizu. Sinto a rugosidade áspera da superfície acidentada, as histórias de daimyõs e samurais que complementam o espaço, o equilibrio perfeito da soma vectorial das pedras ajustadas, a união impenetrável das juntas, onde não cabe o gume de um punhal, nem mesmo, dizem, as gotas incontroladas da chuva em dias de temporal. 

As muralhas do castelo de Aizu-Wakamatsu formam uma quadrícula fortificada com fossos profundos, jacintos que escondem troços de água e carpas brancas que patrulham as margens, portões e ferrolhos descomunais que nos transportam para a Liliput do outro lado do mundo e pontes ligadas a torres de menagem colocadas, estrategicamente, nos pontos mais altos do reduto do baluarte.
No centro de todo o complexo localiza-se a cidadela interior, residência do senhor feudal, rodeada dos aposentos dos samurais e dos soldados, contornados por múltiplos pátios interiores, áreas fechadas e paliçadas de comunicação que desempenhavam um papel crucial na organização da estratégia de defesa militar. 
Dispersos pelo castelo, os jardins, inicialmente exclusivos dos templos, foram posteriormente alargados aos territórios dos senhores feudais obedecendo a uma filosofia de equilíbrio com os elementos da natureza. Terra, água, fogo, vento e energia. Pontes sobre lagos, lanternas de pedra, caminhos feitos de rochas vulcânicas, areia e gravilha, pequenas ilhas e colinas, arbustos bonsai, tudo numa morfologia miniaturizada com pinheiros retorcidos com agulhas de aço e árvores de troncos nus debruçadas com ramos frondosos a tocar pequenas cascatas de água.

Construído em 1384, o castelo constituiu o centro militar e administrativo da região, dispondo de um regimento de 5.000 guerreiros e a escola de samurais mais famosa do Japão. A Aizu Hanki Nisshin-kan, acolhia aos 10 anos os filhos dos samurais preparando-os, não só nas disciplinas das armas e da equitação, mas em matérias como a astronomia e a meditação. 
(continua)

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