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Free your mind and let your spirit fly é uma imagem iconográfica que enquadra na perfeição a mensagem de Thoreau, pois "um homem que não sai de casa todo o dia pode ser o mais errante de todos", por oposição àquele que sem terra deambula sem norte "como um sinuoso rio que procura persistentemente o caminho mais curto para o mar". "Há, porém, certas estrada que vale a pena percorrer, como se agora que estão em ruínas nos conduzissem ao caminho certo". Propensos, por vezes, para efectuar a escolha errada, o que é certo é que a terra parece inesgotável e surpreendentemente rica em encaminhar-nos na direcção correcta. Thoreau descreve-nos as suas caminhadas, não tanto em círculo, mas em parábola, perfazendo a órbita de um cometa, que descreveu curvas definitivas, espraiando-se para ocidente.
Seguindo o instinto migratório das aves, Thoreau apela à liberdade de escolher o rumo que mais nos aprouver. Rumo a oeste, por exemplo. Caminhando para um futuro, onde se deseje "observar o crepúsculo resplandecente onde o sol parece migrar diariamente incitando-nos a segui-lo" até ao horizonte onde mergulha ao final da tarde. "Será aí que iremos conhecer os jardins das Hespérides e a origem de todas as fábulas"? A resposta promissora parece surgir "das águas, dos montes e dos vales cobertos de vinhas, com uma música em surdina, que relembra o torpel dos soldados de partida para a Terra Santa". Thoreau desafia-nos a deixarmo-nos levar pelo arrebatado encanto da corrente, como se transportados para uma era heróica onde os alicerces dos castelos se encontram ainda por construir e as famosas pontes são caminhos projectados sobre os rios mais revoltos.
A cada um, caberá a total liberdade de desbravar a sua terra selvagem. No "canto do tordo dos bosques, há certos interstícios que nos levam a fixar numa terra selvagem nunca antes pisada pelo homem". O explorador, tenderá a aclimatar-se, projectando-se como uma árvore que lança as suas raízes até aos confins da terra em busca da esperança e do futuro onde se esconde a matéria prima que o agarra à vida. Nessas terras, "no prado e na noite vê-se o trigo nascer", a vida harmoniza-se com a terra selvagem e os afazeres desenvolvem-se com a pressa que se exige às coisas infinitas. Aí, a lua parecerá maior do que em qualquer outro local. O sol, alimentará o espírito daqueles que ganham o nome como as pedras de granito selvagens. Tal como os índios que não nascem com nome próprio, também o homem predisposto ganhará o nome através das suas proezas na caça e na guerra, na destreza das suas mãos, no nome dos animais, das plantas ou das aves que contribuíram para a sua reputação. Assim crescerá o ânimo dos que são tocados pelos raios de sol suaves. Por perto, apenas as sombras que se alongam num prado glorioso. No céu, o azul intenso cortado apenas pelo voo de um solitário falcão. E, ao longe, o som do pequeno riacho, que salta por entre as pedras, enredando folhas secas e pequenas cepos, rumo à foz, onde desaguam todas as águas doces de esperança. CRV©
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