Lourenzo Lotto - Susannah and The Elders - 1517
"O ódio da virtude faz pecado, da verdade faz mentira; castiga a inocência e livra a culpa"
Padre António Vieira - docs.3
Lourenzo Lotto (1480 – 1556) pintor, desenhista e ilustrador italiano da escola de Veneza, apesar de não se encontrar entre os meus 10 pintores preferidos julgo que terá sido aquele que melhor conseguiu retratar a estória de Susana que encontrou reflexo em muitos pintores renascentistas, como Rubens - que retratou a lenda em três obras distintas a 1ª aqui , a 2ª aqui e a 3ª aqui, -, Bartonni, Tintoretto ou Ottavio Leoni. A estória é biblica e encontra-se nos Suplementos de Daniel. Fala-nos de uma mulher bela, honrada e temente a Deus, casada com Joaquim, o homem mais respeitado da região. A sua casa era palco da resolução de quisíleas por intervenção das partes dissidentes e dos juízes eleitos pela comunidade, que aí exerciam justiça. Quando finalizavam os julgamentos e todos abandonavam a casa, Susana tinha por hábito banhar-se num recanto privado do jardim, acompanhada pelas suas duas criadas. Certo dia, dois dos juízes, ambos babosos e desejosos de se envolverem com Susana, resolveram espiá-la na sua intimidade. O dia estava quente e Susana, julgando-se sózinha, entrou para o banho pedindo às criadas que lhe fossem buscar óleos e perfumes. Aproveitando a ausência das criadas, os dois homens abordaram Susana, ameaçando-a : “Não resistas! Entrega-te a nós, caso contrário, testemunharemos contra ti, dizendo que estavas aqui com um jovem e que foi por isso que mandaste as criadas embora”. Susana não se amedrontou e começar a gritar alto. Preferia morrer pelo falso testemunho do que manchar a sua honra. Quando as criadas chegaram, encontraram os juízes a apontarem o dedo a Susana afirmando que a surpreenderam a cometer adultério com um jovem, pelo que deveria ser condenada à morte. No dia do julgamento, realizado na própria casa de Susana, com o marido e o povo presente, muitos choraram, pois nunca tinham ouvido que Susana tivesse alguma vez traído. Implacáveis, os juízes persistiram na sua mentira. Declararam que surpreenderam Susana no banho com um jovem que, por ser mais forte do que eles, conseguiu escapar sem o identificarem. Susana é julgada pelo povo e condenada à morte. Ao ser encaminhada para o local da execução um jovem, que dava pelo nome de Daniel, interrompeu o cortejo e declarou: “Não quero ser culpado da morte desta mulher . Esta mulher não pode morrer injustamente sem um julgamento no qual se possa defender. Separem os dois juízes e interroguem-nos sobre o que viram”. Regressaram todos para o lugar do julgamento e Daniel começou a interrogar os juízes separadamente. Logo se percebeu que os depoimentos dos juízes eram contraditórios, tendo o povo compreendido que mentiram, condenando-os à morte por falso testemunho e por incriminarem uma mulher inocente.
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