Faisal. 29 anos, casado, dois filhos, olhos meigos, sorriso cativante, conversa amena. Um acaso do destino cruzou as nossas vidas. Veio buscar-me ao centro de Jerusalém. Era um favor que fazia a um amigo. A empatia que se gerou promoveu, de imediato,
Faisal. De
chauffeur, de uma corrida de 15 minutos, passou a guia turístico de Israel. O país, com cerca de 20.000 Km2 - dimensões idênticas ao
Kruger Park, e menos 10.000 Km2 do que o Alentejo -, é susceptível de ser visitado nuns meros quatro ou cinco dias. Toda a parte sul do território,
correspondente a 60% do Estado de Israel, é ocupado pelo deserto de
Negev, não tendo, essencialmente, quase nada para ver. Objectivos? A parte central e Norte do país acalentadas com motivações históricas e culturais.
Faisal desafiou-nos com os territórios
palestinianos. A famosa "
West Bank" - a margem ocidental do rio Jordão -, território sob administração
palestiniana, palco de grandes confrontos armados, apenas há três anos atrás. Os montes Golan. Quanto à Faixa de Gaza, ninguém pode entrar ou
saír. Os
turistas não conseguem passar as barreiras de segurança. Ficou fora de questão. O muro. Íamos passar por lá. Na impossibilidade de conduzir um carro de aluguer, a
perspectiva de visitar Israel, numa óptica completamente diferente das excursões em grupo agradava-me. Agrada-me sempre ter algum espírito louco nestas viagens. Alá esteja connosco e seja o que Deus quiser. Foi irrecusável. Com identificação
israelo-
palestiniana, Faisal beneficiava de um Mercedes novo, com matrícula de Jerusalém, o que lhe permitia circular com alguma liberdade no território israelita. Por outro lado, o facto de ser
palestiniano, permitia-lhe aceder ao coração dos bairros árabes, local onde os guias israelitas receiam entrar. Descendente de uma família abastada de Jerusalém, o seu avô era
proprietário de vários prédios, na zona velha da cidade. A família perdeu quase tudo o que tinham, no conflito de 1948, quando dois terços da população árabe - cerca de 900 mil
palestinianos - foi expulsa pelo exército israelita das suas casas, na sequência da integração dos seus territórios no
recém formado Estado de Israel.

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