Quis iludir a emoção de me encontrar no local que os judeus denominam como a "Casa de Deus". O ambiente em "open space" subverte a concepção clássica de templo a que nos habituámos. Aqui, não existem Da Vinci's, Botticelli's ou Rafaello's. Não existem santos padroeiros de alabastro ou de madeiras exóticas. Não existem vitrais coloridos. Daqueles, através dos quais podemos ver o mundo de várias cores, como no conto de Nabokov. Também não encontramos abóbadas, arcobotantes, colunas ou telhados de vidro. Nada disso existe aqui. Por cima, apenas o céu. De lado, aconchega-nos a solenidade do momento. Em frente, a grande muralha. O local sagrado, mais próximo do "sancta sanctorum", o mais sagrado - A Esplanada das Mesquitas -. Localizado do outro lado do Muro, no Monte Moriá, o local mais sagrado para os judeus está ocupado pela bandeira do Islão e pelas mesquitas da "Cúpula da Rocha" e a "Al-Aqsa". Segundo a crença, teria sido esse o local do início da Criação e aquele onde Abraão quase sacrificou Isaac. Conhecido como "Muro das Lamentações", o nome deve a sua origem à amarga recordação deixada por Tito, no ano de 70 d. C., quando o Imperador ordenou a destruição do Templo de Herodes, com a indicação que poupassem a fachada ocidental com o intuito de lembrar aos judeus a vitória de Roma sobre a Judeia.
Sábado é dia de Shabbat, dia santo para os judeus. A praça do Muro encontra-se dividida em duas zonas. Homens à esquerda, mulheres à direita. A razão da divisão não se confunde com a muçulmana, dizem aqui que é uma mera gestão logística. Sentada na retaguarda assisto à chegada e aos preparativos dos crentes. Vestidos a rigor, os judeus ortodoxos chegam com o "Quipá" na cabeça, o "Tsitsit" - o sobretudo preto comprido - , o "Talit"- o manto branco riscado - e o elemento mais estranho de todos, o "Tefelin": duas caixas quadradas de couro que contêm quatro textos do Torá inscritos em pergaminho. Diariamente, amarram essas caixas, uma ao braço e à mão esquerda, a outra à cabeça, como forma de expressarem a sua fé no judaísmo. A oração, é feita junto ao muro com movimentos psicossomáticos cadenciados. Pretende-se recriar o balanço e o equilíbrio da vida. É impossível estar aqui e ficarmos indiferentes. É óbvio que me aproximei do muro. Crente num só Deus, formulei a minha oração e cumpri o ritual de acomodar entre as pedras um recado. Recados que têm sempre algo de pessoal e filantrópico. E fazem-nos sentir bem. Fotogr: CRV
Sábado é dia de Shabbat, dia santo para os judeus. A praça do Muro encontra-se dividida em duas zonas. Homens à esquerda, mulheres à direita. A razão da divisão não se confunde com a muçulmana, dizem aqui que é uma mera gestão logística. Sentada na retaguarda assisto à chegada e aos preparativos dos crentes. Vestidos a rigor, os judeus ortodoxos chegam com o "Quipá" na cabeça, o "Tsitsit" - o sobretudo preto comprido - , o "Talit"- o manto branco riscado - e o elemento mais estranho de todos, o "Tefelin": duas caixas quadradas de couro que contêm quatro textos do Torá inscritos em pergaminho. Diariamente, amarram essas caixas, uma ao braço e à mão esquerda, a outra à cabeça, como forma de expressarem a sua fé no judaísmo. A oração, é feita junto ao muro com movimentos psicossomáticos cadenciados. Pretende-se recriar o balanço e o equilíbrio da vida. É impossível estar aqui e ficarmos indiferentes. É óbvio que me aproximei do muro. Crente num só Deus, formulei a minha oração e cumpri o ritual de acomodar entre as pedras um recado. Recados que têm sempre algo de pessoal e filantrópico. E fazem-nos sentir bem. Fotogr: CRV
1 comentário:
CRISTINA, acho fabulosa esta sua postagem, muito bem descrita com todos os detalhes deste ritual de religião dos judeus,semprei senti uma sensação inexplicável ao ver estes gestos que denunciam tanta religiosidade, mas ao que sou totalmente indiferente, já o mesmo não acontece com as religiões orientais, tanto no hinduismo como no budismo, quando visito os tempos do Oriente sinto uma profunda espiritualidade, muito embora eu nunca me consiga alhear da minha fé como católica praticante. O judaismo como o islamismo têrm a minha admiração, respeito, mas fico por aí.
Gostei de ver o muro das lamentações quando da minha visita a Jerusalém, também segui o ritual e lá coloquei um papelzinho com a minha mensagem, ma quazi ri de mim própria.. o que estava eu a fazer se para mim aquele era apenas um muro de pedra comum.....talvez hoje a minha reacção fosse diferente....
Foi com muito interesse que segui o seu relato da visita e fico aguardando muito mais.....
BOM NATAL por terras do Brasil, se eu pudesse também ía....
beijinho, HELENA
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