6.6.10

Madrid - O Impressionismo de Claude Monet

"Champ de coquelicots à Argenteuil" - 1873 - Claude Monet
A proposta do Museu Thissen-Bornemisza pareceu-me irresistível: apreciar “Monet (1840-1926) numa óptica modernista, sob a perspectiva do abstraccionismo”. Madrid passou a ser o meu destino e com ele compreender o Impressionismo na sua essência revolucionária ou quando a tela deixa de ser um mero reflexo fotográfico da paisagem e passa a ser uma experiência plástica onde ecoam Verões de cores quentes e Primaveras de flores resplandecentes. Trepadeiras, lírios, nenúfares, papoilas vermelhas, rosas de jardim. Mãos sobre o trigo. Pinceladas robustas em amarelo forte, crianças entre as giestas. Madrigais, pick-nics no campo, chapéus coquette, vestidos de seda de cauda larga. Regatas em Argenteuil, reflexos na água de velas ao vento, prados verdes que se estendem numa calma melancolia até às margens do Sena.
"Régates à Argenteuil" - 1872 - Claude Monet
No Impressionismo, a vida quotidiana corre lenta, tombada num lazer cativante entre céus muito azuis e nuvens de algodão, tudo muito longe da industrialização e das preocupações sociais e políticas da época. O campo surge-nos como um refúgio da cidade e a cidade é interpretada à luz dos seus jogos de luz e sombra, do quotidiano das gentes e dos cafés, do absinto e dos passeios nos boulevars. O olhar dos impressionistas, rompe com as amarras tradicionais. A nova vaga lança na tela impressões livres de cada pintor. As novas ideias transformam a arte numa superfície ocupada por uma massa de cores, que se assemelham a um “borrão”, quando observadas de perto. À distância correcta ganham formas que se abrem à nossa frente num conjunto harmonioso que nos abraça e nos coloca dentro da tela.
"Impression -Soleil Levant" - 1873 - Claude Monet
Se é possível estabelecer um momento histórico que consagre o início desta corrente, esse marco é consensualmente atribuído à exposição organizada pelo fotógrafo Nadar (1820-1910) no “Boulevard des Capucines”, em 1874. Entre as 165 telas expostas, o quadro de Monet, “Impressão-Sol Nascente”, ganharia destaque da crítica e daria o mote a esta corrente que foi renegada pelos círculos fechados e hostis, próximos das instituições académicas, como a “École dês Beaux-Arts” e o “Salão de Exposições de Paris”. O grupo de 30 artistas, participantes na exposição de Nadar - Monet, Cézanne, Degas, Pisarro, Sisley e Renoir, entre outros –, mostrou-se sempre relutante em subjugar-se às regras classicistas ditadas pelo grupo do Salão. Marginalizados, organizaram-se naquilo que ficou conhecido como o grupo do “Salon dês Refusés” que, paradoxalmente, contou com o apoio directo de Napoleão III. Os cafés de Paris e os seus ateliers pessoais tornaram-se espaços de discussão, difusão das novas ideias e comercialização dos seus trabalhos. Esta seria a corrente percursora da história da arte moderna. Baudelaire diria, que o impressionismo consistiria na sua concepção moderna de “arte pura” onde a magia sugestiva incluía o objecto, o sujeito, o mundo exterior ao artista e o próprio artista na tela”. Monet reunia todas estas valências. Por isso não resisti em dar um salto até Madrid. Aproveitar o sol, o bom tempo que se fazia sentir e usufruir da excelente selecção de quadros que reuniu obras do pintor vindas de Paris, Boston, Basileia, Tokio e Hartford.
Como qualquer apaixonado por pintura, achei sublime.
Monet no jardim da sua casa de Giverny

3 comentários:

HELENA AFONSO disse...

OLÁ CRISTINA, mais um post maravilhoso, aqui dedicado ao "IMPRESSIONISMO" minha corrente favorita de pintura, por todos os lados onde andei NOVA IORQUE-PARIS-ROMA-MONTREAL.... sempre que pude visitei museus e nas salas da pintura impressionista lá estava eu, os pés doridos, as costas "feitas num 8", as cabeça pesada do "jet-leg", efeitos do vôo de véspera, mas ninguem me tirava aquele prazer e a sensação de encanto, magia e adoração por aqueles quadros....quando lá não ía comprava os livros com as fotos da pintura naquelas livrarias da
5ªAve. onde havia sempre promoções e descontos enormes destes bons livros de arte.....a última vez que admirei mais uma vez algumas pinturas impressionistas foi no fabuloso HERMITAGE de SPetersburg, para meu espanto há uma colecção enorme de quadros que aqui no "ocidente" nunca foram expostos. Esta pintura marcou uma época de oiro no mundo da arte, mas tambem, fez uma revolução no intimo e na mentalidade de quem vÊ e aprecia ARTE! OBRIGADA CRISTINA por trazer à minha memória os dias de oiro do meu passado, onde corria léguas para ver estas exposições. Um dia vou consigo.
Beijinho grande, HELENA

João Videira Santos disse...

Uma belissima descrição sobre a obra do pintor.

Quem sabe...sabe.

Já tive oportunidade de ver a sua obra em Paris e "espantei-me" com a colecção que encontrei no MASP de São Paulo.

Parabéns,pelo post.

Olga disse...

Oh, I really need Wizz Air or some other cheap airline to introduce a flight Gdansk-Madrid. Come on, we already have Barcelona and Alicante! Soon! (i hope)...
What a stunning video, TI, - I didn't realize there IS a video of Monet... I wanted so much to see his eyes - the eyes of a genius, but they were always hidden beneath that hat. And then I imagined him differently - he might have been just posing, but still... - that cote impeccably white and clean! how can that be? And the fancy surroundings and umbrellas.... (Oh, poor poor Van Gogh....) On the other hand I saw the pool with that 'Bridge at Giverny' and water lilies... truly amazing this video exists!