Malasia - Borneo - Orangotango (espécie ameaçada) - Fotogr: CRV©
O alerta foi dado em 2004 quando um estudo científico, publicado na revista “Nature”, estabeleceu uma projecção, até ao ano 2050, sobre os possíveis impactos das alterações climáticas no conjunto de mamíferos, aves, anfíbios, répteis, borboletas e outros invertebrados, em seis zonas ricas do planeta. O resultado? A manter-se a curva ascendente de emissão de gases poluentes, a destruição de florestas, a pulverização de habitats naturais e a produção agrícola e pesqueira intensivas, cerca 15% a 37% da biodiversidade do nosso planeta extinguir-se-à até àquela data. Mas o assunto não era novo. Desde os anos 70 que “A Biodiversidade e as alterações climáticas” foram temas que ganharam espaço e projecção entre ambientalistas, lideres políticos e cidadãos em geral, criando uma consciência colectiva relativamente à ameaça que paira sobre as mais de 11.046 espécies, catalogadas no ano 2000, que correm sérios riscos de extinção.
Africa do Sul - Kruger Park - Southern Ground Hornbill (espécie ameaçada) - Fotogr: CRV©
Retrospectivamente, as quatro últimas décadas foram repletas de intenções, cimeiras, declarações concertadas, tratados e protocolos, com destaque para a Cimeira da Terra (92), o Tratado de Maastricht (92), o Tratado de Amesterdão (97), o Protocolo de Quioto (97) e a Conferência de Copenhaga (09). Comum a todas foram os avanços tímidos e a fraca adesão dos países mais poluidores. É o caso dos Estados Unidos, o segundo maior emissor mundial de gases causadores do efeito de estufa, que se auto excluíu da ratificação do Protocolo de Quioto, alegando razões de instabilidade interna da sua economia, lançando o acordo num marasmo sem resolução. Quanto aos países em vias de desenvolvimento, a falta de homogeneidade das suas políticas e os diferentes estadios de desenvolvimento obstam a qualquer tipo de calendarização que promova a inversão do cenário negativo. O futuro não parece promissor. Nem sequer quando nos socorremos da teoria da selecção natural das espécies, preconizada por Darwin. É que, podendo essa teoria constituir um óptimo álibi para justificar mutações, evoluções e extinções, o facto é que, confrontados com a extinção diária, em média, de 130 espécies, verificamos que esse número se encontra 1000% acima da taxa de extinção em circunstâncias ditas “normais”. A solução do problema redirecciona-nos para o comportamento do homem erectus dos nossos dias. Passei os olhos pela net e fui à procura dos últimos números. Deparei-me com uma red list, versão 2009, que aponta para índices alarmantes em quase todos os países do mundo. Em Portugal, 159 espécies encontram-se ameaçadas, com particular destaque para o famoso lince ibérico que, segundo se estima, não contará com mais de 50 indivíduos em todo o país, distribuídos pelas Serras da Malcata, Monchique e Caldeirão e 1500, ao todo, na Península Ibérica.
Portugal - Oceanário de Lisboa - Fotogr: CRV©
Comemora-se hoje o “Dia Mundial da Biodiversidade” e 2010 foi declarado pelas Nações Unidas como o “Ano Internacional da Biodiversidade”. Dos eventos previstos para este ano, destaco a nível nacional as conferências patrocinadas pelos cafés Nabeiro no Alentejo, colóquios e plantações de árvores por todo o país. Contudo, não encontrei qualquer medida que se identifique com a delimitação de espaços, criação de barreiras naturais ou um retrocesso na decisão de construção da barragem do Rio Sabor, que irá promover a destruição de um número significativo de habitats naturais. Cumpre aqui aplaudir a iniciativa do Reino Unido que teve a coragem de constituir nas suas águas, em pleno Oceano Índico, a maior reserva marinha do mundo, com 544.000 Km2, composta pelas 55 ilhas que formam o Arquipélago Chagos, local onde se encontra o maior recife de coral do planeta e um dos mais ricos ecossistemas marinhos do mundo. Em termos futuros, resta-nos a esperança da mudança e da concertação entre as nações, em prol da comunidade em geral. Caso assim não seja, talvez as últimas descobertas no campo da genética dispensem preocupações de maior. É que, se até há poucos anos a criação de células artificiais parecia apenas ser possível nos livros de Isaac Asimov, hoje em dia, antevejo, com a maior naturalidade, o redesenho do genoma do "Tiranossaurus Rex" e a sua colocação no primeiro Parque Jurássico que, certamente, será inaugurado para o efeito. A acontecer, as questões ambientais ficarão circunscritas à mera troca de impressões sociais, entre um croquete e um gin tónico, lá pelo meio dos cocktails que geralmente circundam o "ambiente" das Cimeiras. Fotogr: CRV©
Aos curiosos, sugiro o filme oficial das NU.
5 comentários:
Os textos, como sempre, são excelentes, mas...e as fotos?
As fotos, são magnificas!
Parabéns!
OLÁ CRISTINA,
Tal como diz o João as fotos são belisssimas...... outra coisa não era de esperar. Aquele orangutango, até apetece lá voltar....adorei o texto, muito bem desenvolvido, com muito interesse toda a informação.
Realmente sendo este 2010 o ano Internacional da Biodiversidade há muito boas razões para o alerta dos cidadãos na preservação das espécies, na fauna e flora do nosso Universo.
A propósito, está patente uma exposição de fotografia, do autor castelhano Antoni Caneli, sobre o tema "TERRA DE LINCES" ,tendo em foco o lince ibérico. É nos jardins de Belém e pode-se ver até 22 de Julho. Aqui fica o convite para uma "excursão à exposição, em conjunto, vamos combinar.
Beijinho,
HELENA
João,
Obrigada por passar por aqui. É excelente ter por perto amigos especiais.
Helena,
É verdade. As fotografias fazem-me ter imensa vontade de regressar ao Borneo. Quem sabe se não iremos novamente?
Vamos combinar a ída à Exposição. A temática é interessante e é um óptimo pretexto para almoçarmos. Fica lá para a 2ª quinzena de Junho. Até lá isto anda muito atribulado :)
Um bj e obrigada por estar sempre por perto. Cristina
That orangutan picture is so sweet - such a lovely face, with so much wise thought in his eyes...
The numbers from the video are very alarming and sad... It is so strange to think we might be the lucky people to have seen coral reefs...or visited the Maldive islands... which our kids or their kids might only read about... yet as well realize that on our own we can't really change much...
Olga,
Thanks for steeping by. It's true that just one person can't do much but if each one of us would say something about the all problem that can work as an alert about the endangered species and the urgent need of changing habits. I’ve always loved these issues and there’s no doubt that there’s a growing collective conciseness arising among the most important countries of the world. By the end of the year there’ll be the most important Conference of the last decade and I’m anxious to see its developments. Hugs TI
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