“Il y a l’art dês lignes et couleurs mais l’art dês paroles
y est et y resterra par nous” - Vincent Van Gogh
Still Life with a plate of Onions - Vincent Van Gogh -1889
Por vezes é só uma questão de paciência, e de espera tranquila, até que uma tremenda exposição surja. São essas as grandes motivações que nos fazem regressar a um local que tanto gostamos. Londres. E, julgo que não poderia ter havido melhor argumento do que a exposição, intitulada “The Real Van Gogh: The Artist and His Letters” a decorrer, de 23 de Janeiro a 18 de Abril de 2010, na Royal Academy of Arts. E, se há associações, como a do post anterior, que nos fazem sorrir - pois as encaramos também como manifestações de arte -, outras haverá que nos fazem entrar num avião para melhor compreender a mente do génio que se encontra por detrás dos quadros que nos fascinam. Dizem que “uma imagem vale por mil palavras” mas, no caso de Vincent Van Gogh, essa concepção redesenhasse e cria uma nova dimensão. Nesta exposição, a maior sobre Van Gogh, levada a cabo em Inglaterra, nos últimos 40 anos, podemos confrontar, em simultâneo, as cartas com os esboços que antecederam os quadros famosos, de uma das maiores figuras do movimento pós-impressionista. De uma forma plástica, as cartas de Van Gogh traçam-nos o perfil de um artista cujas ambições expressam um carácter filantrópico: ser entendido pelos que o rodeavam, dar um significado à sua vida, promover actuações úteis na sociedade ou, ainda, contribuir para minimizar as tristezas do mundo, encontram-se entre alguns dos desejos que Vincent manifesta na sua correspondência com o seu irmão mais novo Theo. Seria precisamente Theo, comerciante de arte, o grande impulsionador da carreira de Van Gogh, que se iniciaria, já tarde, aos 27 anos. Nos 10 curtos anos da sua vida artística estabeleceu-se entre ambos uma cumplicidade inegável plasmada nas mais de 900 cartas que constam do espólio, em exposição no Museu Van Gogh, em Amsterdão, que, por coincidência, visitei em Dezembro passado. A exposição de Londres teve a particularidade de atrair algumas das cartas e quadros do Museu de Amsterdão, mas captou igualmente espólio espalhado pelos quatro cantos do mundo: do “Museum of Fine Arts” de Boston ao de Rhode Island, do “Museu Rodin” de Paris à "National Gallery" de Londres. As cartas de Van Gogh constituem uma porta aberta para o universo do artista, para uma retaguarda onde normalmente não nos é permitido entrar, fazendo a ponte entre o homem e a sua história trágica, entre os seus quadros e a sua solidão. Como refere Vincent, numa das suas cartas a Theo, “passam-se muitos dias sem dizer uma palavra a ninguém, excepto quando encomendo o jantar ou um café”. As suas confissões a Theo revelam parte da sua existência. Uma existência socialmente isolada, com relacionamentos emocionais frustrados, com dificuldade na gestão das suas amizades (os problemas com Gaugain levam-no a mutilar um pedaço da sua orelha direita), um temperamento irrascível e manifestas dificuldades financeiras às quais Theo respondia sempre prontamente. Pela complexidade do mito, pela destreza da arte, pela pintura que hipnotiza, pelas cartas que cativam. Por tantas razões e mais algumas, valeu a pena ír a Londres conhecer o “Real Van Gogh”. Caso passe por esta magnífica cidade, até 18 de Abril, aqui fica a minha sugestão. A não perder.
Para quem tiver curiosidade em ler a correspondência de Van Gogh, deixo aqui um site onde é possível explorar as cartas que Vincent endereçou aos seus correspondentes, com particular destaque para o seu irmão Theo. As opções de visualização são multiplas. Pessoalmente, a opção "cronológica" -associada aos quadros- e por "tema", tem obtido a minha simpatia aqui. No próximo post falarei do quadro que mais me impressionou na exposição.
Para quem tiver curiosidade em ler a correspondência de Van Gogh, deixo aqui um site onde é possível explorar as cartas que Vincent endereçou aos seus correspondentes, com particular destaque para o seu irmão Theo. As opções de visualização são multiplas. Pessoalmente, a opção "cronológica" -associada aos quadros- e por "tema", tem obtido a minha simpatia aqui. No próximo post falarei do quadro que mais me impressionou na exposição.
The Tarascon Diligence - Vicent Van Gogh - 1888
6 comentários:
This is grand, TI! I'm so glad and on the other hand also a bit envious that you have managed to visit the exhibition. The letter link is great - definitely something to read and come back to. I already went through some letters there and again they reminded me what a SENSITIVE person we are talking about here. I'm sure this days there are not many people who have the same level of sensitivity although pretty much all the forms of expression are now open and available in the internet era (take a look at us here ;)). I'm great you like the exhibition and am curious about what else you have got to say about the 'Diligence' paintings - your observations are always very encyclopedic.
Oh, I almost forgot and even though I know you are not religious - may be you are traditional :P, so Happy Easter to you and all the family!
CRISTINA,
Obrigada pela visita e comentario no meu post, vim aqui só uns minutinhos, mas logo á noite vou voltar e ler o seu VAN GOGH, li por alto e amei......até logo,
bjs HELENA
Hi Olga,
Thanks for showing up. I loved the exhibition and I’m ready to go back to Amsterdam whenever you fell like, in order to share with you the Van Gogh Museum. Amsterdam is beautiful in the Spring so maybe next year we can jump there for a weekend. You shouldn’t be sorry for missing London. Actually, in Amsterdam you’ll have the all picture of Van Gogh once the Museum has more than 800 masterpieces to stare at. They are fabulous. The painting that most impressed me is not the “Diligence”. This was just an example for this post in order to confront it with the sketch in Vincent’s letter to Theo. It’s AMAZING the enormous quantity of sketches we can see on Van Gogh’s letters to Theo. It’s so emotive the relationship they had and I can’t help to feel enormously touched when I read Theo’s letters, after Vincent’s suicide, and the enormous melancholy and sadness he expresses to his mother and sisters for his brother’s disappearance. Theo died 6 months after Vincent's dead.He became deeply depressed and in pain. They were buried side by side. Reading these letters makes us feel absolutely helpless and I can’t help to feel the enormous waste of loosing such a genius in such a tragic way. I’m glad you liked the post and I’m anxious for your complete recovery. Yours TI
Thank you, TI, for some reason I thought you meant the 'The Tarascon Diligence'.. By the way, TI about that painting on my blog - the man wiping off his face, I was under the same impression of something tragic when I saw it first. But do you know that the painting is called "Pie Fight Study 2"??!! It made me smile and I think it very much fits your theory of enjoying every minute :)
OLÁ CRISTINA,
Fiquei com pena de não a acompanhar a Londres, deve ter sido um extase ver esta exposição, irei com certeza a Amsterdão. quem sabe consigo ver melhor a obra deste génio, para já obrigada pelo site vou já ver, pois não conheço a correspondência dele com o irmão.
Van gogh é uma das figuras mais enigmáticas do mundo dos artistas da sua época, só mesmo depois de conhecer um pouco a sua personalidade se dá o verdadeiro valor à sua arte....a ideia que dá é que ele era um ARTISTA, desde a ponta dos pés à raiz dos cabelos....mas o seu irmão deve-o ter ajudado imenso, um verdadeiro exemplo de amor fraterno.
Pena que só Depois de tantos anos passados se saiba dar o real valor a estes homens!
beijinho,
HELENA
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