25.1.12

Os segredos da Capela Sistina (1)


Michelangelo Buanarroti - A Criação de Adão - Capela Sistina - Vaticano - CRV©
 “Vi o anjo no mármore e esculpio até o libertar”
Michelangelo Buoanarroti

Na literatura, a descodificação das entrelinhas pode ser um desafio à nossa inteligência e à nossa imaginação. O mesmo acontece na arte, quando o artista subtilmente introduz uma mensagem, destinada a sussurrar ao observador curioso, um estado de espírito proibido ou um segredo oculto. Escondidos entre a sobriedade dos traços e a luminosidade das cores da tela podem passar despercebidos ao incauto observador, as mensagens subliminares que o artista encerrou para a posteridade.
Michelangelo recebeu das mãos de um papa, ambicioso e corrupto, a comissão de decorar o tecto da Capela Sistina com representações bíblicas que, de alguma forma, pudessem prestigiar o nome da sua família, os “della Rovere”. Quando alguns anos antes, Sisto IV tomou em mãos a recuperação de uma capela em ruínas e, não só a reconstruiu, como a ampliou, de acordo com as dimensões propostas para o Templo de Salomão, no Livro dos Reis, ninguém imaginaria que essa capela se tornaria num dos locais mais famosos da Igreja Católica em todo o mundo. A nova capela, foi desenhada para substituir a promessa do antigo Templo Judaico, enquanto novo templo da nova ordem de Jerusalém. A partir desta época, Roma sucederia a Jerusalém, passando a cidade a ser a nova capital do cristianismo uma vez que, 18 anos antes, o mundo católico havia sido ceifado de Constantinopla com a entrada dos muçulmanos e a queda do Império Cristão Bizantino.

Sisto IV era versado nas Sagradas Escrituras e, a ambição em projectar o seu nome de família era de tal forma desmesurada, que, ao encomendar os frescos do tecto a Michelangelo Buonarroti lhe recomendou que vestisse S. Pedro e Abraão com as cores azuis da sua família. A proposta que nos é dada, no livro que tem ocupado os meus últimos tempos livres, é precisamente debruçarmo-nos sobre os enigmas que a Capela Sistina encerra e que, passam normalmente despercebidos ao observador que se lança de pescoço no ar, na contemplação dos famosos frescos do tecto e do altar  da Capela Sistina. O livro, que narra a interpretação das pinturas por parte de dois eruditos do mundo da arte, irá mudar a forma como olhamos para as musculadas figuras representadas por Michelangelo adicionando novos elementos a uma visita que, nunca mais voltará a ser a mesma.
Benjamin Blech e Roy Doliner, dois eruditos do mundo da arte, encontraram nas pinturas de Michelangelo um código de mensagens, profundamente influenciado pela educação do pintor, os ensinamentos dos seus mestres - Marsílio Ficino e Pico della Mirandela -, e pelas correntes neoplatónicas de agregação multicultural, desenvolvidas na corte de Florença, de Lourenço de Médici, o Magnífico. Com uma coerência de argumentos, que abalam as nossas convicções, os autores expuseram, no livro intitulado “Os Segredos da Capela Sistina”, a sua tese sobre as mensagens ocultas que se escondem por detrás dos frescos, numa apologia que nos mantém presos até à última página. Tal como Michelangelo revolucionou o mundo da arte, também este livro muda a forma como passamos a observar e a questionar a obra do pintor. Muito embora se trate de “mais uma tese”, as questões levantadas não deixam de ser pertinentes proporcionando-nos, outra visão, para além das evidentemente conhecidas, lançando-nos numa multiplicidade de perspectivas que ao visitante comum passariam despercebidas. Fotogr CRV©
(continua)

2 comentários:

Olga disse...

Beautiful post, Ti and a very nice picture. When were you in Vatican - was it same year as you travelled through Italy? Michelangelo was a true genius..

I can't wait till I can travel again, you know. Take care and hope all is well in Lisbon!

Paralelo Longe disse...

Hi Olga,

Yes it was in 2009, when we spent 3 weeks travelling between the South of Napoles (Costa Amalfi) and Florenze. On the way we spent some days in Rome where the Vatican was a mandatory stop. We had already been there 20 years ago but it's never too much to visit it again. Even now I wish I could go there soon. I love Italy. A country where you stumble in art in every corner. If you go there I can give you some tips.
I've been reading a book about the Sistine Chapel revealing some secrets quite interesting.
Tks for passing by. Hugs TI