Demos destaque aqui à detenção do artista e dissidente chinês Ai WeiWei, que ocorreu no passado dia 3 de Abril de 2011. Às violações à sua privacidade e liberdade individual. Às represálias pelo desconforto das ondas tsunamicas que ressoam no palco das movimentações internacionais. Sempre que ameaçadas, no seu discurso monocórdico e paradigmático, as feras do regime recorrem ao caos repressivo esmagando pela força os defensores do alinhamento democrático. Mas, o problema é que WeiWei é um dissidente que já ultrapassou as barreiras da visibilidade interna chinesa. É um homem com carisma, que fala fluentemente inglês, viveu uma década em Nova Iorque, e tem um charme e uma visibilidade externa que não se circunscreve à sombra dos bastidores do campesinato iletrado que se opõe ao regime de Beijing. WeiWei é um incómodo entre as mãos dos dirigentes e da polícia secreta chinesa. A 11 de Janeiro passado, sem aviso prévio, bulldozers avançaram sobre o estúdio, recém construído, do artista, numa atitude prepotente e intimidatória não poupando nenhuma das obras que se encontravam no seu interior (na foto). Mas WeiWei, como muitas artistas, é um provocador e não são apenas as suas fotografias reaccionárias que desafiam o regime, é a sua forma de lidar com os entraves e as dificuldades. WeiWei disseminou a sua palavra através de blogs, tweets, fotografias, publicitando a sua imagem ao mundo como um opositor ao regime chinês. Apanhado numa limpeza política, no início deste ano, WeiWei permanece detido em parte incerta. Contudo, ao contrário das aspirações do governo chinês a projecção internacional de WeiWei tem gerado manifestações de apoio dos mais variados quadrantes. Desta vez, foi a Tate Modern, em Nova Iorque, que se lançou na promoção de uma magna exposição de solidariedade ao artista divulgando a sua obra e anunciando em Banners gigantescos a obscenidade de silenciar quem já ultrapassou as sombras do medo político. Contudo, no artigo hoje divulgado pelo New York Review of Books questiona-se se não terá sido, precisamente, a comunidade internacional a grande responsavel pela situação em que WeiWei se encontra actualmente. É que a projecção de um homem solitário que desafia sózinho os muros de Beijing só poderia acabar com as mordaças que as ditaduras obsoletas fazem questão em apanagiar. Esta, é mais uma atitude cobarde que demonstra a fragilidade dos últimos regimes que se encontram presos por fios. Aqueles, onde os cidadãos apenas têm a liberdade das marionetas, onde o lastro é apenas dado para abanarem positivamente as cabeças, caso contrário, haverá sempre o risco de rolarem decepadas. Fotog: Getty
22.4.11
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