20.9.09

Não costumo falar aqui dos livros que estou a ler, mas hoje faço uma excepção. Talvez porque este livro fabuloso de Primo Levi - que estava a olhar para mim na estante há bastante tempo - tenha mexido imenso comigo. Li-o de um trago, de modo impulsivo e absolutamente rendida, não só em relação aos factos, como à clarividência do relato.
Não sei se foi da intensidade do livro, mas esta noite tive um sonho absolutamente surrealista : sonhei que ía num barco pequenito, daqueles que gosto. Encontrava-me no deck a ler o livro quando, de repente, começa a tocar uma música conhecida. Estranhei. Fui ter com o timoneiro e perguntei-lhe o seu nome e o porquê daquela música. Disse que se chamava Caronte e que trabalhava para um tal de Don Alighieri. Mostrou-me a fotografia, que achei medonha, - apesar de ser pintada pelo meu amigo Botticelli, que ultimamente se anda a cruzar muito comigo - e que tinha ordens para tocar aquela música até ao fim da viagem. Achei tudo aquilo muito suspeito, ainda por cima falavam italiano. Pensei logo na Máfia e em esquemas complicados. Tinha que fugir. Peguei no telemóvel e liguei para a minha mãezinha. Saltei borda fora, - a minha mãezinha é fantástica porque me deu um tm à prova de água, e eu também sou fantástica porque sei saltar borda fora. Localizaram-me. Passado um bocado chegou um helicóptero com um agente secreto do Governo de Sua Majestade. O meu salvamento foi in extremis, em alto mar, mas valeu a pena, porque logo recebi um convite para participar no próximo filme do 007. Nisto acordei. Não, nada disso, não estava ao meu lado o 007. Quando olhei, só estava mesmo o 001.

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