12.7.10

Reserva sobre a intimidade da vida privada

"As pessoas têm sempre segredos, é uma questão de os descobrir"
Lisbeth Salender - Hacker profissional - protagonista do livro
"Os Homens que Odeiam as Mulheres"
de Stieg Larsson
Sempre que se fala na violação do “direito à reserva sobre a intimidade da vida privada” lembro-me da facilidade com que qualquer “voyeur” curioso e sem escrúpulos pode atentar contra a nossa intimidade contratando um “hacker profissional” ou apenas “um bom amador” que facilmente consiga aceder à nossa correspondência pessoal e profissional, por mais sigilosa que esta seja, aos nossos escritos pessoais e de reflexão sentimental, às nossas finanças privadas, ao nosso Facebook, fotografias, blogs privados, ao computador da nossa casa, enfim, a tudo aquilo que a lei denomina como espaço de reserva da intimidade da vida privada e profissional. Para além da violação da esfera e da correspondência profissional, mais grave em si, a violação da esfera privada é protegida por lei e compreende todos aqueles actos que, não sendo secretos em si mesmos, devem subtrair-se à curiosidade pública, por naturais razões de resguardo e melindre, como é o caso dos sentimentos e afectos familiares, os costumes da vida e as vulgares práticas quotidianas que se desenvolvem entre o foro das paredes domésticas e que, naturalmente, deverão ser objecto de resguardo público. Recordo-me sempre, nestes casos, dos livros da Triologia Millenium do sueco Stieg Larsson. No I volume, intitulado “Os Homens que Odeiam as Mulheres” Bomkvist, jornalista, encarregado da investigação do desaparecimento de uma jovem, contrata Lisbeth Salander, uma HACKER profissional, com um comportamento anti-social, encarregada de penetrar na vida alheia e descobrir e expor todos os infimos detalhes da família de Henrik. A facilidade com que o faz, neste caso em prol de uma justa causa – a investigação de um desaparecimento – faz-me pensar na facilidade com que a mesma violação poderá ser efectuada por uma ou mais mentes criminosas que, com evidente má fé, pretendam a título gratuito, por puro voyeurismo, satisfação pessoal ou outro intuito menos lícito, fazer uso ilegal das informações colhidas, criando um ascendente intimidatório perante a vitima, objecto da pirataria informática. Contudo, nem todas as pessoas têm segredos na vida por revelar, segredos daqueles que seriam susceptíveis de práticas chantagistas ou de atemorizada exposição social. De qualquer forma, sempre que penso nestas questões recordo o II volume da triologia de Stieg Larsson, intitulado “A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um fósforo” porque “Não há inocentes, há apenas diferentes graus de responsabilidade” – Lisbeth Salander. Brindemos, com um bom vinho, ao início da leitura do II volume.

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