Lembrei-me desta escultura que encontrei no Rikjsmuseum. Datada de 1615, esteve durante muitos anos posicionada no pátio interior de um dos hospícios da cidade. Tratava-se de um asilo, para doentes mentais, localizado no centro de Amsterdão, no Kloveniersburgwal. Naquele tempo, os doentes eram aprisionados e trancados em pequenas celas, beneficiando apenas de uma pequena fresta na porta e um campo de visão limitado para um pátio interior que lhes permitia ver unicamente esta escultura, algo perturbadora, a que davam o nome de “Frenzy”. A curiosidade reside no facto de, no século 17, os hospícios desta natureza, serem encarados como atracções turísticas. O hospício, onde se encontrava esta estátua, era considerado “visita obrigatória” entre as atracções de Amsterdão. Ao visitante era cobrada uma taxa de entrada podendo circular, em redor do pátio, observando os loucos nas celas. Estes, espreitavam para um mundo secreto exterior, por modestas frestas, com olhos arregalados e dementes, emitindo sons e grunhidos esquizofrénicos, assustando quem passava, servindo a sua triste loucura de palco e atracção para muitos turistas. No centro, a pequena estátua, esculpida por Geraert Lambertsz, reproduz no pedestal, de forma inegável, expressões de raiva, medo e ansiedade, de quatro dos presos que, gritando histericamente, olham pela janela das suas celas, evidenciando o ambiente de dor e de sofrimento que se vivia naquele circo humano de loucura.
Fonte: Notas de viagem e Rijksmuseum
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